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Quando imaginamos uma pessoa em um quadro de depressão, dificilmente aparece o perfil de alguém com a agenda cheia de compromissos e muitas relações sociais. Entretanto, a vida agitada e bem sucedida pode ser a realidade de pessoas com a depressão de alto funcionamento (DAF), também chamada de “depressão disfarçada”.

A depressão de alto funcionamento não se manifesta com os sintomas tradicionais e as pessoas ao redor, mesmo as de convívio próximo, costumam não perceber o que está acontecendo. A principal característica do quadro é a resistência do próprio paciente em aceitar aquilo que está vivenciando.

“Esta depressão é caracterizada por um presenteísmo, ou seja, a pessoa está em corpo presente, tentando realizar suas funções, mas a cabeça está em outro lugar”, explica a psicóloga Juliana Gebrim.

Quando as pessoas ao redor desconfiam que há algo errado, elas não são capazes de identificar que o paciente está passando grave sofrimento psíquico, acham que é apenas um momento de ânimo mais baixo.

Perfil dos deprimidos altamente funcionais

A depressão não tem uma única causa, embora pesquisas suspeitem que há um componente genético em sua incidência. O Ministério da Saúde estima que 15% dos brasileiros sofram ou já tenham sofrido com a doença.

As pessoas que apresentam a depressão de alto funcionamento têm um perfil bem definindo. São indivíduos altamente cobrados para ter um bom desempenho em suas vidas profissionais ou acadêmicas.

“São pessoas que querem manter uma aparência e estão em uma luta interna contra os seus sentimentos de inadequação, autocrítica e auto-exigência”, explica Gebrim. Bons estudantes, líderes de empresas, mães e arrimos de família estão entre os pacientes.

Por disfarçarem os sintomas, as pessoas com depressão de alto funcionamento demoram a buscar ajuda, o que pode agravar o quadro.

Como identificar a DAF?

O maior desafio para lidar com a depressão de funcionamento é identificar seus sintomas. Veja características que podem ajudar a perceber o quadro:

  • Perfeccionismo extremo: indivíduos com depressão de alto funcionamento muitas vezes estabelecem padrões extremamente elevados para si mesmos, o que pode causar uma sobrecarga emocional e mental;
  • Dificuldade em relaxar: mesmo quando estão de folga, essas pessoas têm dificuldade em relaxar, pois estão sempre preocupadas com o desempenho, o futuro ou suas responsabilidades;
  • Fadiga persistente: mesmo após períodos de descanso adequado, as pessoas com DAF se sentem permanentemente cansadas;
  • Isolamento social: pessoas com este quadro tendem a esconder seus verdadeiros sentimentos por medo de serem julgadas ou incompreendidas pelos outros;
  • Insônia ou distúrbios do sono: como a DAF geralmente acompanha um pensamento acelerado e uma cobrança constante, há dificuldade em manter ciclos saudáveis de sono;
  • Persistência de sentimentos negativos: apesar de alcançarem sucesso em suas carreiras ou outras áreas da vida, essas pessoas podem persistir em sentimentos de tristeza, desesperança ou vazio interior.

“É importante estar ciente desses sinais e procurar ajuda profissional se você ou alguém que você conhece estiver enfrentando esses desafios emocionais”, orienta Juliana Gebrim.

O tratamento

Assim como as manifestações convencionais da depressão, os quadros de alto funcionamento precisam de tratamento multidisciplinar, que deve ser orientado por um profissional.

O atendimento geralmente envolve uma combinação de terapia psicológica com o uso de medicamentos antidepressivos. Além disso, adotar hábitos saudáveis de sono, de alimentação e de exercícios físicos ajuda no manejo dos sintomas, mas não substitui o acompanhamento médico.

Com informações de Metrópoles

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