A ação da Polícia Militar da Bahia que resultou na prisão dos jornalistas de VEJA Hugo Marques e Cristiano Mariz  nesta sexta-feira, dia 14, foi repudiada por parlamentares e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que a classificaram como um atentado à liberdade de imprensa.

Os repórteres estavam tentando localizar o fazendeiro Leandro Abreu Guimarães, testemunha-chave para esclarecer as circunstâncias da morte do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, quando foram cercados por duas viaturas da PM. Em uma atitude violenta e arbitrária, os profissionais, mesmo depois de apresentarem suas credenciais, acabaram sendo detidos e levados na sequência ao distrito policial de Pojuca. A polícia apreendeu ali um gravador que continha várias entrevistas registradas durante a apuração do caso pelos repórteres. Vinte minutos depois, devolveu o equipamento e liberou os profissionais de VEJA.

“Inadmissível, arbitrária e abusiva a detenção de jornalistas da revista Veja pela Polícia Militar da Bahia”, disse o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. “Deve receber repúdio de todos que defendem a liberdade de imprensa e de expressão”, acrescentou.

O PSOL publicou um post, questionando os motivos que levaram à detenção: “É preciso respostas urgentes: o que levou a Polícia da Bahia a deter dois jornalistas da VEJA que investigavam as circunstâncias do assassinato do miliciano Adriano da Nóbrega? O livre exercício do jornalismo é um dos pilares da democracia. A quem interessa esconder os fatos?”

A deputada Erika Kakay (PT-DF) foi na mesma linha: “Jornalistas da VEJA que investigam as circunstâncias da morte de Adriano da Nóbrega são detidos na Bahia. O que já cheirava queima de arquivo, agora, se configura em inaceitável ataque à liberdade de imprensa”.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) considerou a ação como uma “gravíssima violação da liberdade de imprensa”. “Mesmo identificados como jornalistas, os repórteres Hugo Marques e Cristiano Mariz foram detidos pela PM baiana”.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também comentou sobre o caso. “Abordagem policial que leva repórteres para a delegacia e inicia com apreensão de gravador, não dá. Jornalistas buscam informações. Devem agir com responsabilidade de não interferirem em investigações, mas em geral vão contestar o poder público e seu trabalho precisa ser assegurado”, escreveu ela.

Já a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) escreveu: “O Brasil está se tornando um lugar cada vez mais perigoso para o livre exercício do jornalismo. Grave sintoma da nossa anormalidade democrática. O que levou a PM da Bahia a levar presos os repórteres da VEJA que investigavam a morte de Adriano da Nóbrega?” (veja.com)

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