O pai de Júlia dos Anjos Brandão, de 12 anos, curitibana encontrada morta em João Pessoa, na capital da Paraíba, na manhã de terça-feira (12), após seis dias desaparecida, pede justiça pelo assassinato da filha. A criança morava com a mãe na cidade nordestina havia três anos e o padrasto da criança. Principal suspeito, ele confessou o crime.
“Não tem nem o que falar, esse aí tem que pagar, ficar na cadeia para o resto da vida dele. É um monstro. Não tem nem condição de viver entre a sociedade. Um cara frio, calculista, o tempo todo do nosso lado, querendo ajudar. Chorando, pedindo inocência, pedindo proteção, sendo que ninguém nunca fez nada com ele”, – afirmou Jeferson Luiz Brandão, pai de Júlia, em entrevista para a Banda B na manhã desta quarta-feira (13).
Segundo ele, desde o desaparecimento da menina, no dia 7 de abril, o padrasto dela era o principal suspeito. Ele chegou a conceder entrevistas para TVs locais sobre o caso, pois teria sido a última pessoa a ver a menina.
“Ele disse que, quando saiu para trabalhar, tinha avistado a menina deitada de baby doll na cama. Quando ele falou isso, todo mundo já levantou suspeita. Tudo indicava ele. E aí ele ainda me dá um relato desse aí, piorou tudo”, relata o pai.
Apesar da forte desconfiança, Jeferson Luiz, teve cautela na condução do caso, que está sob a responsabilidade da Delegacia de Homicídios de João Pessoa, mas que paralelamente era apurado pela própria família. Ele conta que, inlcusive, defendia o suspeito e que as falas pareciam ensaiadas.
“A população queria pegar ele e a gente defendeu, porque a gente sabia que ele era a única pessoa que poderia dizer onde a minha filha estava”, disse. “As entrevistas eram muito mecânicas. Ele batia sempre na mesma coisa, como se tivesse estudado pra falar aquela coisa só. Não saía daquela linha, mas aí ele se contradizia em algumas coisinhas que a gente conseguiu pegar. Aí foi pegando aos poucos pra poder ajudar a polícia. Na verdade a gente fez mais por conta.”
Além da mãe e do padrasto, Júlia morava com um irmão mais novo, filho do casal, e estava na expectativa da chegada de mais um irmão. A mãe dela espera um bebê, o segundo filho dela com o suspeito de matar a filha.
Ao ser preso, o suspeito teria dado a justificativa de que tinha medo que Júlia fizesse algum mal para o bebê. “O cara é muito monstro de falar um negócio desse. Que a Justiça seja feita”, diz o pai.
Medo de represália
Jeferson conta que a filha andava retraída nos últimos tempos, mas que ela nunca relatou nenhum tipo de situação com o padrasto. O pai acredita que ela estivesse com medo de sofrer algum tipo de represália por parte do marido da mãe.
“Aí que tá, ela não falava. Ela se retraiu de uma forma nos últimos tempos, que a gente perguntava pra ela o que estava acontecendo e a gente, por ser do Parabná e estatr longe, não conseguia dar uma pressionada melhor. Porque a minha filha era muito cabeça. Era uma inteligência que ela tinha que, aos poucos, vimos que ela estava se fechando. Aí que a gente percebia que tinha alguma coisa errada. Mas a gente não conseguia estar perto, para identificar esse monstro que tava do lado dela, pressionando ela”, – afirma Jeferson Luiz.
O pai de Júlia disse para a reportagem que nunca havia falado com o suspeito, até o dia que ele entrou em contato para falar sobre o desaparecimento dela. “Ele deu a notícia dando que tinha sumido, que ia ajudar no que fosse, qualquer coisa ligar pra ele. Esse cara aí não merece estar aqui não.”
Em um desabafo sobre a perda da filha, o pai afirma que espera que o suspeito permaneça preso. “É isso que a gente deseja, que fique lá e nunca mais saia. Mas a Justiça do nosso Brasil é complicada. As pessoas fazem o que fazem, pegam pena de 15, 20 anos, só que aí reduz e em cinco anos já está na rua.”
Segundo o pai de Júlia, a menina fará muita falta para toda a família. E ele se declara:
“Amo muito ela, ela sabia o pai que ela tinha, que podia confiar na gente. Mas, por algum motivo, ela, com medo, porque com certeza ele tava ameaçando ela de fazer alguma coisa com o irmão dela, e por isso ela se fechou. Porque ela amava muito o irmão dela também, muito mesmo. Ela movia o mundo pelo irmãozinho pequeno. Amo ela, a gatinha dela ama ela, ela sabe a correria que a gente fez nas buscas, vai fazer muita falta mas não será esquecida”, diz Jeferson Luiz. (Metrópoles)