Rafaela Felicciano/Metrópoles

Um grampo telefônico usado pelo Ministério Público Federal (MPF) para apontar indícios de envolvimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) e mandar para o STF parte da investigação sobre o escândalo no Ministério da Educação mostra o ex-ministro Milton Ribeiro contando a uma filha que “o presidente” lhe alertou sobre a possibilidade de uma operação de busca e apreensão.

“Hoje o presidente me ligou. Ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim”, disse Ribeiro, a uma filha, no último dia 9 de junho. “Ele acha que podem querer fazer uma busca e apreensão em casa. É muito triste”, declarou o ex-ministro.

A informação foi noticiada pela GloboNews na tarde desta sexta-feira (24/6).

A operação ocorreu em 22 de junho, quando Ribeiro foi preso junto a pastores acusados de tráfico de influência no ministério que ele chefiava.

A citação ao presidente levou o MPF a pedir o envio de parte da investigação ao Supremo, revelou o colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, nesta sexta. Com isso, o inquérito volta para a relatoria da ministra Cármen Lúcia, que havia enviado o caso para a primeira instância depois que Milton Ribeiro pediu demissão do MEC. O reverendo tomou a decisão após estourar o escândalo envolvendo cobrança de propina por pastores lobistas ligados a ele.

Reclamações da defesa

O advogado Daniel Bialski, que coordena a defesa do ex-ministro Milton Ribeiro, criticou a ida da investigação para o STF.

A defesa confirma que o áudio citado na decisão envolve autoridade com foro privilegiado e ocorreu antes da deflagração da operação.

“Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial, e, consequentemente, decretar a prisão preventiva”, destaca Bialski, em nota à imprensa.

Segundo Bialski, “a defesa ainda analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, se lhe for franqueada vista da íntegra da documentação”.

“Todavia, se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos por absoluta incompetência e somente reforça a avaliação de que estamos diante de ativismo judicial e, quiçá, abuso de autoridade, o que precisará também ser objeto de acurada análise”, concluiu o defensor.

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