Marcos Scalercio, de 41 anos, juiz da Justiça do Trabalho de São Paulo, é alvo de, pelo menos, 29 denúncias de assédio sexual. Os relatos foram feitos ao Me Too Brasil e ao Projeto Justiceiras. Até o momento, três processos tramitam na Justiça.

Em uma live, feita para incentivar jovens a seguirem carreira jurídica, Scalercio afirma que advogou por quase sete anos antes da magistratura. Ele também disse que trabalhou como caixa de um banco privado. Antes de atuar como bancário, ainda teve experiências em loja de carros, roupas e padaria. Segundo ele, foram três anos até que conseguisse passar em concursos públicos.

Professor e magistrado, ele é conhecido no meio por suas aulas e vídeos sobre direito trabalhista. Em seu canal do YouTube, com mais de 22 mil inscritos, o juiz é elogiado pelas analogias e humor ao tratar dos assuntos jurídicos. O magistrado apagou as publicações no Twitter e no Facebook após a repercussão do caso. O perfil no Instagram, que é fechado, tem 100 mil seguidores até a publicação desta reportagem.

No entanto, a partir da divulgação das denúncias, ex-alunos da Damásio Educacional, onde Scalercio leciona, passaram a relatar, nas redes sociais, que ele se aproveita de sua posição para praticar assédios: “Dava em cima de várias alunas. Dava desculpa de ‘me chamar lá no insta, que esclareço’, e quando chamavam, ele já dava em cima”, diz uma postagem. Em outra, uma mulher afirma: “Chocada [com a notícia de assédio], mas nem tanto”.

“Calma, você vai gostar”

Na segunda-feira, dia 15, o G1 teve acesso a denúncias de dez mulheres contra o magistrado. Os episódios aconteceram entre 2014 e 2020, e os relatos foram reunidos pela Me Too Brasil, que faz o acolhimento e apoio jurídico a vítimas de assédio.

Segundo uma advogada, o juiz a levou para um motel quando pediu aconselhamento profissional e a estuprou. “Ele subiu em cima de mim, eu não conseguia tirar ele. Eu falava que não queria, e ele falava coisas do tipo: ‘Calma, você vai gostar, deixa eu te mostrar o que é bom’, e teve uma hora que eu parei de lutar porque não tinha mais forças para tirar ele de cima de mim. Ali a minha vida mudo”, disse a vítima à TV Globo.

A Damásio Educacional divulgou uma nota informando o afastamento do docente após as denúncias: “A instituição repudia qualquer ação que seja contrária aos seus valores e ao código de ética. Mesmo não tendo identificado manifestação de estudantes sobre este caso até o momento, a direção resolveu afastar o docente de suas atividades, até que o caso seja esclarecido”.

Ao Metrópoles, a defesa do juiz afirma, em nota, que “as acusações que são feitas em face do Dr. Marcos Scalercio já foram objeto de crivo e juízo de valor pelo órgão correcional e colegiado do Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região”.

Ainda de acordo com os advogados, o arquivamento do processo “demonstrou que o conjunto probatório, obtido no exercício do contraditório, é absolutamente insuficiente para dar lastro em qualquer dos fatos relatados”.

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