O Amazonas terá sua primeira representante indígena na história de 14 anos da Bienal Naifs do Brasil, realizada pelo Sesc São Paulo, na unidade de Piracicaba. A artista visual Duhigó – que significa primogênita na língua indígena Tukano – foi selecionada entre 583 artistas brasileiros que concorreram a rigorosa seleção da 14a Bienal Naifs do Brasil. A Bienal acontecerá de 18 de agosto à 25 de novembro de 2018 e reunirá mais de 200 obras de arte de 121 artistas, sendo que 48 deles tiveram duas obras escolhidas pela banca julgadora e ao todo são 21 estados brasileiros representados na exposição.

Duhigó faz parte desta seleta lista de artistas que conseguiram agradar o olhar técnico e poético da curadoria da Bienal e conseguiu que as duas obras suas inscritas fossem selecionadas. As obras são pinturas em acrílica sobre tela com o título: “Maloca Tuyuka” – que traz uma lembrança ancestral das malocas dos índios Tuyukas da região do Alto Rio Negro, no Amazonas e “Imirõm – Pequeno Cacuri” que narra uma cena de pesca com o objeto indígena Cacuri.

A Comissão de Seleção e Curadoria da Bienal Naifs é formada por Armando Queiroz, Juliana Okuda e Ricardo Resende que foi responsável por elencar as obras e o Júri de Premiação composto por Armando Queiroz, Fabiana Delboni e Moacir dos Anjos que atribuiu os quatro prêmios de Destaque-Aquisição, cinco de Incentivo e quatro Menções Especiais.

Para a artista visual Duhigó, que atua há 13 anos nesta profissão a seleção foi uma surpresa, mas também a certeza de que os temas indígenas e amazônicos estão sendo respeitados e valorizados no olhar nacional. “Eu fico feliz de ter sido selecionada porque o que eu pinto não existe mais, foi destruído e eu trago essas memórias que eu tenho de quando era criança em Paricachoeira no Alto Rio Negro e também para que as pessoas possam conhecer nossa cultura”, disse Duhigó.

Realizada pelo Sesc São Paulo desde 1992, na unidade de Piracicaba, a Bienal Naïfs do Brasil foi criada com o intuito de privilegiar a participação de artistas cujas obras revelam a produção de arte ingênua, espontânea, instintiva, popular, naïf ou naïve, concebidas, em sua maioria, de forma autodidata.

No caso da Duhigó, além do talento natural para as artes visuais, ela fez sua formação em pintura no Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura da Amazônia (IDC), onde  concluiu o curso de pintura em 2005. De lá para cá nunca mais parou. Para a Diretora- Presidente do IDC, Aidalina Nascimento, “as vitórias e premiações de Duhigó coroam um ciclo de trabalho de nossa instituição no segmento das artes visuais amazônicas, onde se apresentou desde o início a ancestralidade amazônica como matriz cultural”.  

FÃS

Duhigó coleciona fãs por onde suas obras são apresentadas e atualmente, só em Manaus já possui obras de arte de sua autoria fazendo parte de coleções importantes de colecionadores de arte jovens e tradicionais da cidade. “Duhigó é uma artista proeminente no mercado das artes brasileiro e está sendo preparada para caminhos internacionais. Sua obra possui verdade e uma Amazônia desconhecida aos olhos do mundo. Atualmente, ela vende mais para o mercado local, com colecionadores e apreciadores de sua obra que garantem que ela viva de sua arte e tenha produção permanente”, destaca Carlysson Sena, proprietário da Manaus Amazônia Galeria de Arte, representante comercial da artista.

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