Índigenas do Vale do Javari em reunião (Foto: Míriam Leitão)

O Vale do Javari continua correndo riscos, mesmo depois que os olhares se voltaram para a região com os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips.

Segundo reportagem de autoria da jornalista Miriam Leitão, publicada no Globo, edição desta terça-feira, 23, os invasores continuam descontroladas mesmo com a mudança de governo.

Conforme relato da jornalista, a fiscalização na terra das diversas etnias, como Mayoruna, Matis, Kanamari, Kulina, por exemplo, é feita pelo próprio indígena, que é obrigado a prender os invasores.

Entre os depoimentos anotados por Miriam Leitão, está a ameaça à mão armada sofrida pela indígena Feliciana por se recusar a receber bicho de casco (quelônios) oferecido pelos invasores.

“Nossos avós morreram ali, nós jovens vamos defender o território. O dinheiro não é importante para a nossa vida, mas a terra é. Queremos implantar o manejo do pirarucu para ter a nossa economia e ter uma abundância de peixe, não escassez”, teria dito uma liderança indígena.

Outra liderança que teria se manifestado foi Jorge Marubo. Segundo ele, os garimpeiros estão chegando e em alguns anos os povos do Vale estarão na mesma situação do povo Yanomami.

De acordo com a reportagem, os indígenas do Vale do Javari criaram o Equipes de Vigilância do Univaja EVU) para tentar proteger os territórios indígenas. Essas equipes estão percorrendo toda a região como medidas de proteção e destinadas a reavivar os marcos da demarcação, ou seja, os limites da terra.

“O que precisa é de mais Estado no Vale do Javari, assim como em outras terras indígenas”, avalia.

“É preciso mais proteção aos territórios indígenas, até porque eles são de todos nós. Eles são a garantia do equilíbrio na luta contra a mudança climática, têm um papel fundamental na preservação do planeta”, completa.

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