O governo da Venezuela declarou persona non grata e expulsou a embaixadora da União Europeia em Caracas, lhe dando 72 horas para que deixe o país após novas sanções do bloco contra funcionários venezuelanos. O anúncio da retaliação foi feito pelo chanceler Jorge Arreaza nesta quarta-feira.

“Hoje, por decisão do presidente Nicolás Maduro, entregamos nas mãos da senhora Isabel Brilhante a declaração de persona non grata”, disse o ministro de Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, à imprensa após uma reunião com a diplomata em Caracas. “Foi dado um prazo de 72 horas para abandonar o território venezuelano.”

A expulsão da diplomata portuguesa é uma retaliação às novas sanções do bloco contra 19 funcionários venezuelanos, que incluíram o congelamento de bens na UE e a proibição de entrada nos países-membros.

Foi assim que Bruxelas respondeu às eleições parlamentares de 6 de dezembro, marcadas pela ausência de candidatos de boa parte dos partidos da oposição e elevada abstenção. As eleições não foram reconhecidas por União Europeia, Estados Unidos e por grande parte dos países da América Latina.

A decisão europeia atingiu deputados, como José Brito e Bernabé Gutiérrez — que fazem parte de um setor da oposição ligado ao chavismo — e integrantes do Conselho Nacional Eleitoral, incluindo sua presidente, Indira Alfonzo.

Também foram sancionados o comandante do órgão máximo da Força Armada Bolivariana, Remigio Ceballos; o governador do Estado de Zulia, Omar José Prieto; além de chefes de polícia e militares.

É a segunda vez, desde junho de 2020, que a Venezuela expulsa o representante da UE do país por causa de sanções aplicadas pelos europeus.

Em meados do ano passado, porém, Caracas anulou a decisão em uma tentativa de melhorar as relações diplomáticas com o bloco, mediadas pelo opositor Henrique Capriles, que na época cogitava participar das eleições de dezembro.

Após o anúncio da expulsão, a UE disse, em nota, que a decisão de Caracas “isolará ainda mais o país”, e pediu que o governo reconsidere a medida.

“A Venezuela só superará sua crise atual através da negociação e do diálogo, com o que a UE está plenamente comprometida, mas que essa decisão prejudica diretamente”, disse Nabila Massrali, porta-voz do chefe de política exterior do bloco, Josep Borrell.

Em uma declaração divulgada na televisão estatal, o chanceler venezuelano explicou a decisão.

“Temos feito todos os esforços (…) para estabilizar a convivência democrática no país e mais uma vez recebemos sanções, entre aspas, contra magistrados, contra o Judiciário, contra o poder eleitoral.  É realmente inaceitável”, disse Arreaza. “O presidente Maduro foi generoso quando permitiu que os chefes da missão permanecessem na Venezuela.”

Há duas semanas, uma enviada das Nações Unidas recomendou que EUA e Europa suspendessem as sanções econômicas contra a Venezuela, que estariam “agravando a crise humanitária no país”. O argumento foi classificado por parte da oposição venezuelana como “propaganda para o regime”.

Apesar das sanções, os 27 Estados-membros da União Europeia deixaram de reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Segundo o bloco, que pediu para que o governo de Nicolás Maduro garanta a “liberdade e segurança” de seus opositores, Guaidó é agora um “interlocutor privilegiado”, tal qual outros críticos do regime. (Estadão)

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