Por Carlos Santiago*

Amom Mandel, o deputado federal (Cidadania/AM) mais votado nas últimas eleições gerais, pode ir muito longe dentro da política institucionalizada, por exemplo: ser o mais jovem prefeito eleito do município de Manaus. Porém, terá que vencer o marketing de desconstrução de sua imagem, uma estratégia articulada pelos possíveis adversários eleitorais, e, também, convencer o eleitorado de sua viabilidade de gestor na condução da administração pública.

A construção e a desconstrução de imagens são estratégias de marketing político nas disputas pelo poder. Com a popularização da internet, das mídias sociais e do surgimento de inúmeros blogs e portais de notícias, essas estratégias ficaram mais visíveis, amplas e difusas, com contribuição, também, de fake news.

Imagens podem ser construídas com base na verdade ou não. A pessoa pode ser apresentada ao eleitor como um bom filho (a), bom marido ou boa esposa, com boa formação intelectual, com ou sem experiência administrativa, mas com militância social e com ideias para resolver os problemas da coletividade. Tudo isso pode ser realidade ou somente uma mentira ou uma imagem criada para convencer o eleitor.

A desconstrução de imagens pode ser, também, por meio de verdades e de mentiras. Os políticos mostram de forma verdadeira todos pecados, defeitos, incapacidades e contradições políticas e as inconsistências das propostas apresentadas; ou espalham informações falsas para destruir reputações na opinião de seus adversários.

Nas últimas semanas, percebo que há movimentos nas mídias sociais para desconstrução da imagem do deputado Amom Mandel, em especial, depois do seu nome constar positivamente nas pesquisas de opinião pública sobre a próxima eleição para prefeito do município de Manaus.

Na desconstrução da imagem, colocam Amom Mandel como apenas um representante dos interesses de sua família que tem influência no Tribunal de Justiça do Amazonas – TJAM; ser um jovem sem experiência administrativa para comandar o município; um portador de uma doença grave, uma pessoa sem saúde; apenas um jovem sem formação superior, dentre outros aspectos.

Mas, até o momento, não identifico negatividade nessas abordagens lançadas sobre o deputado do Cidadania, pois ser de família de jurista não é pecado nem imoralidade; candidato sem experiência administrativa os amazonenses elegeram e, depois, reelegeram Wilson Lima. Assim como Manaus já elegeu David Almeida e Serafim Corrêa sem grandes experiências e, Arthur Neto, no final da década de 80, sem nenhuma passagem pela administração pública; e pessoas com doenças autoimunes vivem muito, basta cuidados médicos; a necessidade de um diploma superior para comandar um município é importante, mas não decisivo para realizar uma gestão cidadã, inclusiva e transparente.

Talvez, o maior problema que o Amom venha enfrentar seja a sua condição de deputado federal, distante do dia a dia da população. Políticos mais votados para a Câmara dos Deputados, nas últimas décadas, tentaram, mas não foram eleitos para o cargo de prefeito de Manaus, como Vanessa Grazziotin, Francisco Praciano, Carlos Souza e José Ricardo. Ficaram esquecidos em Brasília! O único membro do Congresso Nacional que deixou o cargo de Senador da República para disputar o cargo de prefeito e venceu foi o falecido Amazonino Mendes, isso aconteceu há 30 anos, quando ele era um jovem senhor.

Existe, ainda, a força da máquina do Poder Executivo municipal que vai trabalhar para a reeleição de David Almeida, e contra qualquer renovação política ou mudança no quadro eleitoral. E há, também, forte interesse do grupo ligado ao governo estadual na Prefeitura de Manaus.

A disputa pela chefia do Poder Executivo de Manaus não será fácil. O alento para quem está distante das máquinas públicas é que a tradição na política de Manaus indica que nem o presidente do Brasil e nem o ambiente político nacional foram determinantes para as eleições municipais da nossa capital. Por isso, para Amom Mandel e outros postulantes ao cargo de prefeito, o interessante seria manter independência política para conquistar uma parcela significativa do eleitorado do município, até 2024.

Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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