Começou a era Julio Casares no São Paulo. O novo presidente sabe que precisa virar o Morumbi de pernas para o ar e não deixar pedra sobre pedra no futebol do próprio clube. Só assim vai acabar com todos os vícios do vestiário e dos corredores do CT da Barra Funda. Há muitos. O dirigente sabe que deixar como está ou mudar parcialmente não vai tirar o São Paulo do buraco em que se encontra. Medidas paliativas não servem mais para o futebol do time. É como um remédio que vai perdendo seu efeito ao longo do tratamento e as doses precisam ser aumentadas.

A saída de Brenner puxa a fila da limpa no elenco. O atacante de 21 anos, revelado nas bases e um dos melhores do time na temporada, está de malas prontas para os Estados Unidos, um mercado até então pouco provável para um garoto-revelação. Brenner pode dar ao São Paulo pela negociação R$ 80 milhões, até um pouco mais dependendo do seu desempenho na nova casa. É dinheiro bom para quem não tem nada. Para as cifras do futebol, é apenas razoável. O Palmeiras ganhou mais do que isso com o título da Libertadores. Não precisou se desfazer de nenhum jogador, prática que o São Paulo faz anualmente.

Há outros atletas que devem ter o contrato rompido no São Paulo, renegociado ou simplesmente repassado para outro time. O zagueiro Bruno Alves e o goleiro Tiago Volpi podem ter o mesmo caminho. Esses três atletas são os principais para ajudar o clube a fazer dinheiro, uma necessidade a cada fim de temporada. Todos, em outras situações, não estariam na mira do presidente para deixar o elenco. Se saírem, de fato, será por opção própria. Volpi sonha em jogar na Europa e tem mercado para isso. Goleiros brasileiros estão sempre em alta lá fora. Bruno Alves tem a mesma intenção. Aos 29 anos, entende que chegou a hora de tentar alguma coisa fora do Brasil, inclusive melhorando sua condição financeira.

Em relação a Brenner, sua escolha talvez tenha mais a ver com dinheiro no bolso ou perspectiva de vida, como morar nos Estados Unidos e de lá ganhar o mundo, estudar, quem sabe. Não é comum bons e novos jogadores irem para mercados de segunda ou terceira linha, como é a liga americano de soccer. Os EUA estão longe de oferecer a competitividade que um Brenner poderia ter em sua carreira. Mas estudar numa faculdade ou usar o país como trampolim para outras praças pode ser um caminho traçado por seus agentes e familiares. São escolhas profissionais. Não há certo ou errado nelas.

O São Paulo precisa de dinheiro. Isso também não é novidade. Casares vai reduzir a folha e ganhar crédito. Ter opção para gastar é um dos caminhos de sua gestão. Está mais do que certo. Porque jogador bom aparece a todo instante e os clubes organizados são compradores durante os 12 meses do ano. Pelos menos os que têm algum dinheiro no cofre. O São Paulo precisa entrar nesse ciclo. O clube vai parar de gastar com jogadores que não estão rendendo nada. Ou mesmo naqueles, por gratidão de serviços prestados no passado, ainda estão no grupo. (Estadão)

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