Com marcas de hematomas nos olhos, a cabeleireira Mayara Cajueiro Araújo Marinho, 25 anos, postou na manhã de ontem (4), em sua página do Facebook, um desabafo da agressão covarde de que foi vítima no dia 30 de junho deste ano, cujo o acusado é seu próprio esposo, o advogado Marcos Dino da Rocha Marinho, 39 anos, com quem casou em maio deste ano. Ela registrou o caso na Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher (DECCM), mas resolveu apelar as redes sociais para ter justiça.

Para a vítima, se expor na Internet foi uma saída para conseguir justiça. “Sempre fui muito vaidosa e me mostrar dessa forma foi o único jeito de pedir ajuda. Eu só queria que alguém pudesse me ajudar”, diz.

De acordo Mayara, a última agressão do homem, que antes do casamento nunca demonstrou tanta agressividade, mas depois que casaram Marcos Dino revelou seu outro lado. “Quando nos conhecemos não imaginei que ele fosse agressivo assim”, declarou a vítima,  com o rosto desfigurado das agressões cometidas pelo esposo.

Mas com sempre, depois da agressão aparecem as desculpas, Mayara, apaixonada pelo esposo já havia dado mais uma chance a seu casamento, de apenas dois meses e reatou o relacionamento, mas para sua surpresa há cerca de uma semana, a agressividade de Marcos Dino voltou e foi quando ela resolveu dar um basta na relação. E de acordo com pessoas que já foram vítimas de agressão, bater se torna um vício e as agressões passam a ser cada vez piores.

Mas Marcos Dino não desistiu de Mayara Araújo, ela mostra no celular mensagens do esposo tentando reatar o relacionamento, apesar de pouco tempo desgastado pelas constantes agressões que ela afirma ter sofrido. Em uma das mensagens ele afirma: “Meu amor eu errei queria muito concertar meu erro com vc o que importa é só vc”, diz o advogado, tentado reconquistar a esposa.

As mensagens seguem: “Não sabia o quanto eu te amo. Não quero mais ninguém a não ser vc. Eu sei q um dia tudo isso vai passar e eu vou estar te esperando eu sei que errei muito com vc mas espero que não seja o fim”, diz o esposo tentando mais uma vez reatar o relacionamento, que de acordo a vítima está marcado por agressões.

Especialista

A reportagem do Fato Amazônico ouviu um advogado, especialista em Direito de Família, mas que terá o nome preservado para evitar represália do companheiro de profissão, acusado de agredir por diversas vezes a esposa, e ele diz que em casos de agressão, a mulher não deve deixar de denunciar e afirma que publicações como de Mayara podem assustar um potencial agressor.  “É uma estratégia arriscada por causa da vítima, mas deixa o homem com medo diante da repercussão”, afirma.

De acordo com o advogado, as mulheres vítimas de violência doméstica ainda precisam enfrentar o machismo em locais que deveriam ser de apoio. “O primeiro questionamento é: ‘o que você fez para ele bater em você?’ Esse tipo de pensamento precisa mudar”, diz o jurista.

Vana Lopes

O Fato Amazônico também ouviu por telefone a escritora Vana Lopes, fundadora da Ong Vítimas Unidas, hoje presidida pela psicóloga Maria do Carmo Santos, onde afirma que a Lei da Maria da Penha precisa hoje de um remédio jurídico.

“Os advogados conseguiram encontrar uma brecha na lei”, disse Vana, informando que ao voltar de Portugal para o Brasil irá reunir com o corpo jurídico da ong para começarem a trabalhar em cima do remédio jurídico para acabar com essa brecha que tornou os agressores fortes. “Veja esse caso aí de Manaus o agressor é um advogado que com certeza conhece bem as brechas da Lei Maria da Penha”, acrescentou.

Vana Lopes diz, que há 10 anos quando a Maria da Penha foi criada os agressores ficaram amedrontados, mas com o passar do tempo a impunidade faz o agressor ficar forte. “Por isso temos de conseguir um remédio jurídico”, concluiu Vana Lopes, uma das vítimas do médico estuprador Roger Abdelmassih, que tem sua história contada no livro “Bem-vindo ao inferno”, escrito por Cláudio Tognoli.

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