“Quem cala, consente”. É o que ensina um ditado popular utilizado quando alguém não quer ou não tem coragem de responder algo desagradável. Ou não?

Tanto é verdade que, até o momento nem uma associação representativa – fosse ela dos magistrados, dos delegados civis ou dos médicos – se manifestou a respeito do envolvimento de suas respectivas corporações com a corrupção e outros crimes expressos na trama escrita por Walcyr Carrasco.

No dia 23 de outubro de 2017 – e lá se vão três meses -, a Rede Globo estréia, no horário das 20 horas, a novela “Do outro lado do paraíso”.

A partir de então, a novela tem escancarado para todo o povo brasileiro, e não brasileiro, as chagas de um país  contaminado pela ganância do poder econômico e pelo avassalador micróbio da corrupção que corroem e destroem como as larvas furiosas de um vulcão.

Com a força do dinheiro – na maioria das vezes ilícito, fruto da exploração e do crime organizado -, do “ilimitado” poder da justiça, nem sempre justa, e com a permissividade de uma polícia alquebrada pela conveniência de quem detém manda, Clara, a personagem de Bianca Bin, herdeira de uma mina de esmeralda, foi jogada como lixo e trancafiada como como escória da sociedade em um hospício.

A ideia era para que nunca mais saísse do desterro.

Como nenhum crime é perfeito, Clara conseguiu fugir do degredo e da sanha criminosa de uma mulher endinheirada, de um juiz corrupto (Gustavo, LUIS MELO),  de um delegado propineiro (Vinícius, FLÁVIO TOLEZANI) e um médico venal (Samuel, Eriberto Leão) – todos sedentos de poder.

Sophia, interpretada por Marieta Severo, comandou  à base de muito dinheiro toda a trama, com a cumplicidade de um juiz, de um delegado e de outros afins.

A trama da Globo é relevante, pertinente, convida a sociedade para o debate, mas não traz nada que já não seja do conhecimento de todos – onde juízes e delegados acusados de estarem em envolvimento e  a fazer-lhes os mimos em troca de proteção, em depreciação da classe.

É até possível que  alguns, para justificarem o silêncio, digam “ah! isso é pura ficção, coisa inventada pelo Walcyr Carrasco para dar Ibope para a Globo, etc., etc., etc. e tal.

Sempre é assim. Eles (os intocáveis, os donos do mundo) sempre têm razão. Afinal são eles que prendem, julgam e mandam para o hospício as pobres indefesas Claras. 

Quem cala, consente!

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