O estudo “Café no Amazonas, expandindo fronteiras: adaptação, produção e qualidade” analisa o benefício aos cafeicultores regionais do cultivo de clones da espécie Coffea canephora, popularmente chamada de robusta ou conilon. A pesquisa avalia a maior produtividade, a resiliência genética da espécie e a qualidade da bebida, em ensaios instalados em diferentes ambientes no estado do Amazonas. 

Sob a coordenação do pesquisador Fábio Medeiros Ferreira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o projeto, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), busca não apenas quantificar a adaptabilidade e a estabilidade de clones superiores, mas também difundir o cultivo dessa espécie de café entre os agricultores. 

Com a pesquisa em andamento, alguns testes de campo foram implantados. O plantio foi iniciado em 2019, e continua por mais três anos nos municípios de Silves, Humaitá, Manaus e Itacoatiara, por meio da parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Ufam e a Fapeam. 

Dentre as atividades do projeto estão, também, a capacitação de recursos humanos e difusão do café aos agricultores, na perspectiva de expansão desse agronegócio em outros municípios. 

Outro impacto da pesquisa tem sido o científico, com a formação e capacitação de recursos humanos quanto à implantação e condução do cultivo do cafeeiro C. canephora no Amazonas, por meio de orientações acadêmicas e técnicas para alguns produtores, e assim como a realização de cursos e dias de campo.

O projeto ainda proporciona interações entre os produtores rurais, envolvidos na proposta, e instituições de ensino, pesquisa e extensão, além de outros interessados no café amazonense.  

Impactos esperados 

“Se considerarmos as séries históricas das últimas safras (Conab), em 2016, o Amazonas produziu 6 mil sacas (60kg) de café beneficiado e, nas duas últimas safras (2021 e 2022), saltou para cerca de 45 mil sacas. A produtividade passou neste mesmo intervalo, de aproximadamente 14 sacas/ha para quase 21 sacas/ha, expandindo também em mais de cinco vezes a área em produção nos últimos cinco anos”, avalia Fábio Medeiros Ferreira.  

A pesquisa pretende estimular e orientar os agricultores quanto ao cultivo do cafeeiro C. canephora na terra amazonense, a fim de que os cafeicultores beneficiados financeiramente surjam a partir da adoção de boas práticas agrícolas e o uso de materiais genéticos, para que a cafeicultura se torne realmente uma alternativa sustentável à agricultura familiar do Amazonas por ser geradora de renda, portanto, fixadora das famílias no campo.

Além disso, a alternativa é inclusiva, especialmente, em relação à participação feminina no setor cafeeiro, impulsionadora dos investimentos e das políticas públicas em relação à cadeia produtiva do café e ao agronegócio estadual; e ambientalmente ativa, quanto ao aproveitamento de áreas degradadas. 

Os materiais genéticos avaliados foram desenvolvidos pela Embrapa Rondônia, para as condições ambientais de Rondônia e do Acre. Embora o Amazonas possua um bioma parecido com estes estados da Amazônia Ocidental, há diferenças que podem influenciar no comportamento das plantas de maneira diferente e serem necessárias novas formas de manejo para melhor adequar as lavouras.

“Estamos avaliando dez clones, lançados em 2019, e desejamos identificar e informar à sociedade quais os seus desempenhos produtivos no Amazonas, inclusive especificando como se comportam em algumas localidades ou regiões”, disse. 

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