Goiânia – A viúva do autônomo Henrique Alves Nogueira, de 28 anos, disse que quer justiça e que está claro que o marido foi executado. O jovem foi encontrado morto em uma estrada de terra da capital goiana na noite de quinta-feira (11/8) em um suposto confronto com a Polícia Militar (PM). No entanto, vídeo mostra que ele foi levado em uma viatura na manhã do mesmo dia.

“O que houve com ele foi uma execução. Está bem claro que foi. Eu quero justiça. Estou desamparada. Tenho um filho de quatro anos e não sei o que faço nesse momento. Estou com medo, tenho medo que aconteça alguma coisa com meu filho”, disse ao Metrópoles a viúva, que preferiu não se identificar.

Além da dor da perda inexplicável do marido, a mulher agora convive com o medo. Além da esposa, Henrique deixou um filho de 4 anos que tinha com ela.

Henrique saiu de casa na manhã de quinta para deixar o filho na escola, segundo o advogado da família Alan Araújo Dias. Na volta, passou em uma oficina e logo depois foi abordado por uma equipe do Patrulhamento Tático do 7º Batalhão da PM, enquanto caminhava em uma rua do Jardim Europa, região sudoeste da capital de Goiás.

Imagens de uma câmera de monitoramento mostram o momento em que Henrique, de camisa branca e boné preto, é colocado no camburão da viatura. Nas imagens aparecem três policiais. É a mesma equipe e o mesmo carro policial que horas mais tarde alegou ter matado Henrique em um confronto, segundo o delegado que investiga o caso, André Veloso, da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH).

Sem contato

Segundo o delegado, a polícia não encontrou drogas e armas com Henrique quando abordou ele na manhã de quinta e o levou na viatura.

No entanto, durante a noite, apresentou uma arma e drogas que estariam com ele, em uma estrada de terra no bairro Real Conquista, também em Goiânia. A versão dos PMs é que o jovem atirou nos policiais enquanto fugia em uma moto. O piloto teria conseguido escapar.

Antes de descobrir que Henrique estava morto, a família não conseguiu contato com ele por celular e chegou a fazer um boletim de ocorrência por desaparecimento.

A defesa entende que o autônomo pode ter sido torturado antes de ser morto, dado o tempo que ficou desaparecido. “O laudo prévio (da morte) diz que tem lesões no corpo, o que indica que são sinais de tortura”, avaliou o advogado da família. O delegado disse que é preciso esperar o laudo cadavérico para dizer que houve algo assim. O jovem estava com a mesma roupa da manhã, quando foi achado morto.

Direito de viver

Henrique já foi condenado na Justiça por receptação e realizou trabalhos comunitários para cumprir a pena, no início do ano. Além disso, já foi acusado de tráfico, mas o caso foi arquivado, segundo a defesa. Em áudio, a viúva deixa claro que ter cometido erros não justifica a morte.

“Quero que a justiça seja feita mesmo. Não foi justo o que aconteceu com ele. Ele já cometeu erro no passado, mas todo mundo tem direito de consertar o erro e viver. Não ter tirado a vida daquela maneira”, disse a esposa do jovem morto.

Em nota enviada ao Metrópoles, a PM de Goiás disse que os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados assim que se soube do caso. Além disso, a corporação disse que foi aberta uma investigação interna, que será feita com rigor. O homicídio também segue sendo investigado pela Polícia Civil.

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