O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta criticou o atual posicionamento do governo de Jair Bolsonaro de alterar o protocolo da contagem de mortos pelo coronavírus no país, e alertou para os riscos causados pela subnotificação em prol de uma política de dados “positivos”.

“Sem informar da maneira correta, o Estado pode ser mais nocivo do que o vírus”, disse Mandetta durante uma live neste sábado 6, com o ministro do STF Gilmar Mendes, organizada pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). “O vírus tem um comportamento previsível de se multiplicar. Nós temos a responsabilidade de raciocinar e de formar juízo.”

Segundo ele, quando as ações contra a pandemia foram iniciadas, um protocolo com base científica foi feita para que existisse um bom fluxo de informação entre estados e governo federal, que totalizava o número de óbitos a partir de diversos critérios, e o divulgava em um horário acessível, diariamente às 17h.  “Quando o número de óbitos desse protocolo irrita o secretário, irrita o governante, aquele que optou por essa política e agora vê os números se agigantarem, então o indivíduo pensa: ‘e se a gente mudasse os números?’ Querem maquiar os números, mas neste caso nem seria uma maquiagem, seria uma cirurgia plástica.”

Mandetta ainda ressaltou que a prática é uma “tragédia” e uma “lealdade militar burra e genocida”. Ele ainda ressaltou a falta de profissionais da área da saúde no Ministério, agora tomado por militares, e fez outras referências à essa cultura do governo. “Numa guerra convencional, o segredo é uma arma em relação ao inimigo. Militares estão acostumados a construir grandes bunkers de segredos intransponíveis. Numa guerra contra vírus e bactérias, nas guerras da saúde, a informação compõe a primeira linha de defesa do indivíduo.”

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Confira a live completa no vídeo abaixo:

Com Veja

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