Raiva e ressentimento foram os motivos que levaram Anderson Carneiro de Paiva, 22 anos, preso em flagrante numa ação conjunta de policiais das Delegacias Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) e Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), a espancar seu enteado, o pequeno Alex Gabriel Silva de Oliveira, de apenas um ano e oito meses que morreu ontem, (23) à noite minutos depois de dar entrada no Pronto Socorro Platão Araújo, na Zona Leste de Manaus.

“Aos dois meses de gestação, ele deu remédios abortivos à mãe, mas ela não perdeu o bebê. Aos quatro meses de gravidez, quando Anderson já tinha expectativa de ter o filho com a jovem, ela perdeu o bebê. Ele culpa a vítima (Gabriel) pela perda, por achar que por carrega muito o bebê, ela perdeu [abortou]”, afirmou a delegada Juliana Tuma, da Depca, informando que Anderson foi preso por volta das 19h.

Durante a coletiva, Juan Valério e Juliana explicaram que a mãe da criança, relatou que saiu na tarde de ontem da casa onde ela morava com filho e Anderson, situada na Rua Jerusalém, Comunidade Nossa Senhora de Fátima, bairro Novo Aleixo, zona Norte, e deixou a criança sob os cuidados do padrasto.

No momento em que a adolescente retornou à residência observou que o abdômen da criança estava bastante inchado. Ela ainda chegou dar remédio para febre e enjoo ao filho, achando que ele estivesse com gases. Por volta das 19h, Alex Gabriel começou a piorar e foi levado ao Hospital e Pronto-Socorro Doutor Aristóteles Platão Bezerra de Araújo, onde veio a óbito.

Em depoimento, a mãe da vítima relatou que estava se relacionando com Anderson desde quando o filho tinha seis meses de idade. Ela disse, ainda, que percebeu lesões na criança desde a última segunda-feira, dia 22, quando saiu para trabalhar e havia deixado a criança com o padrasto.

“A adolescente disse, que chegou na residência dela do trabalho e notou que o filho estava lesionado no braço. Na ocasião, o companheiro teria afirmado que o enteado havia caído. Já na tarde de ontem, a mãe saiu novamente e deixou essa criança aos cuidados do infrator. Quando ela retornou ao imóvel notou a criança com os olhos fundos, a mão arroxeando, mostrando apatia com moleza. A adolescente perguntou do companheiro o que tinha acontecido com o filho e o infrator alegou que o estômago da criança estava inchado devido a um pedaço de bolo que ela teria dado à criança”, pontuou a delegada.

Tuma ressaltou ainda, que a adolescente afirmou que o companheiro tinha rancor pela vítima. “Ela informou que chegou a engravidar de Anderson e, com dois meses de gravidez, o infrator deu remédios abortivos para ela, porém ela não perdeu o bebê. Quando ela já estava com quatro meses, Anderson já tinha aceitado a criança que ela esperava e teria criado expectativas de ser pai, mas a adolescente acabou perdendo a criança. Anderson culpava Alex Gabriel pelo fato da mulher ter pedido o bebê. Conforme a adolescente, o infrator dizia que ela carregava demais Alex Gabriel e, por isso, ela perdeu o filho que estava esperando dele”, disse.

“A equipe do plantão da especializada foi acionada pelos médicos do hospital, que informaram que uma criança havia morrido na unidade hospitalar e apresentava marcas de maus-tratos. No local estavam a mãe da criança e o padrasto. Inicialmente os dois foram conduzidos ao prédio da DEHS, até sair o laudo de necropsia, emitido pela equipe do Instituto Médico Legal (IML). Nesse período, os investigadores foram até o local onde a família morava e obtiveram, junto aos vizinhos, relatos de que a criança sofria maus-tratos por parte do padrasto. Passamos a indagá-lo e ele acabou confessando o crime”, informou Juan Valério.

O delegado explicou que Anderson argumentou, em depoimento, que a criança estava enjoada e chorando muito. Como ele estava sem paciência e sozinho com a criança, acabou desferindo três tapas na barriga do enteado. Valério destacou que a causa da morte da vítima foi a ruptura do estômago por ação contundente, provocada pela agressão.

“O apoio dos servidores do IML foi imprescindível para solucionarmos esse caso, porque eles agiram rapidamente, tendo em vista os nossos indícios de que ali ocorreria um flagrante. Então eles agilizaram um laudo preliminar, que de fato atestou a morte da criança em decorrência da ruptura no estômago. A partir daí encaminhamos para Depca, porque a mãe é menor de idade e, nesses casos, lá tem mais estrutura e profissionais qualificados para conversar com a mãe da vítima e extrair mais detalhes sobre o ambiente familiar em que a criança vivia”, pontuou o titular da DEHS.

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