Por Carlos Santiago

O governador Wilson Lima pode terminar o mandato, não ser candidato nas eleições gerais de 2026. Essa possibilidade não seria um absurdo, nem um fato inédito na política do Brasil e do Amazonas um governador continuar no cargo para eleger o seu sucessor e manter a hegemonia do seu grupo político.

A história política de Gilberto Mestrinho e de Amazonino Mendes converge não somente como aliados políticos, criador e criatura, mas também, por conduzir inúmeras estratégias eleitorais vencedoras, entre elas, o término de seus mandatos para inviabilizar a sucessão de seus vices-governadores e eleger seus candidatos, seus substitutos. E conseguiram.

Gilberto Mestrinho concluiu o mandato, no período 91/94, quando o vice-governador era Francisco Garcia, com essa decisão e sem lançar candidato ao governo, ele contribuiu com a eleição de Amazonino Mendes, sacramentada no primeiro turno das eleições de 1994; Amazonino Mendes ficou no cargo de governador, em 2002, impedindo a sucessão e eleição do seu vice-governador, Samuel Hanan, com isso, apoiou e elegeu Eduardo Braga.

No Estado da Bahia, nas eleições de 2022, o governador da época e atual ministro do governo Lula, Rui Costa, não confiando no seu vice-governador, continuou no cargo para fazer o seu sucessor e reeleger um senador aliado. E conseguiu. “segurando”, assim, o crescimento político e a eleição ao governo da Bahia do ex-prefeito de Salvador, o jovem Antônio Carlos Magalhães Neto, consagrando a hegemonia estadual do seu grupo político.

No atual contexto político do Amazonas, existem duas sucessões em disputas que passam pelas eleições de 2024 e 2026. O cargo de prefeito de Manaus e de governador do Amazonas. Grupos políticos estão montando estratégias. O prefeito da capital quer a reeleição e, também, ser governador, ele nunca escondeu que quer voltar ao governo do Estado; o governador busca interferir nas eleições municipais de todo Estado, inclusive, da capital e, seus aliados, querem manter o governo do Amazonas.

Se Wilson Lima renunciar ao mandato de governador, quem assume é o vice-governador Tadeu de Souza, um aliado do atual prefeito da capital no comando da máquina estadual. Com isso, ele pode disputar a eleição para governador ou apoiar David Almeida, caso o prefeito tenha condições políticas para ser eleito governador.

Caso o governador queira conduzir a sua sucessão, não deixando o governo para o grupo político do prefeito de Manaus, ele terá que permanecer no cargo, como fizeram Amazonino Mendes, Gilberto Mestrinho e Rui Costa. O tempo dirá.

Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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