O Covid-19 trouxe para a história do presente novas configurações que passarão a redefinir relações familiares, sociais, religiosas, culturais, políticas, econômicas, e ambientais. Certamente as relações humanas nunca mais serão as mesmas depois dessa pandemia.
Por isso, pensamos que esse novo agir humano precisa ser construído tendo como base a ética, o amor ao próximo, o respeito mútuo, e a solidariedade. Só assim o egoísmo será superado e a solidariedade implantada entre nós.
Nesse processo de reconstrução de uma nova sociedade não podemos imaginar ou supor os efeitos de uma ação que não seja coletiva. A esperança é que o bem comum prevaleça sobre o individualismo. “Juntos somos mais fortes” como disse Karl Marx em seu livro “O Manifesto do Partido Comunista”.
Dessa forma, espera-se que a partir de agora a coisa pública, à República, seja mais valorizada. Portanto, se existe alguma coisa boa nessa pandemia é para mostrar a imperfeição de como o ser humano vivia com os seus semelhantes e com o Planeta.
Retrospectivamente, o ser humano nunca tinha tempo para a família, para os filhos, para os amigos. Vivia para o mundo do trabalho, para o mundo dos negócios. Eram viagens, reuniões e horas extras intermináveis. Agora, tudo mudou! Infelizmente da pior maneira possível.
Concordo, não deveria ser assim. Mas infelizmente já deveríamos saber que mesmo a ação boa pode carregar um futuro funesto, e mesmo pacífica ela pode conter um futuro perigoso. Ou seja, para “toda ação sempre há uma reação de mesma intensidade” como diz a Terceira Lei de Newton.
Dentre as novas mudanças que virão, espera-se que o homem contemporâneo construa uma nova relação com os seres vivos, com a natureza, com a cadeia alimentar. Que o ser humano nunca mais precise defender que “todo ser vivo mata e come outros seres vivos”. É preciso aprender a ser mais solidário e menos egoísta; mais socialista e menos capitalista. Enfim, é preciso ser mais holístico e menos pragmático.
Por outro lado, a história nos ensina que o ser humano precisa errar muito para aprender pouco. Ou seja, a vida humana é feita mais de erros do que de acertos. No entanto, precisamos mudar essa matriz. Esperamos que a partir de agora a Pedagogia do Amor, aquele Amor ensinado por Jesus Cristo, prevaleça entre as pessoas.
Com efeito, se não aprendermos com os nossos próprios erros correremos sérios riscos de uma nova pandemia e ainda pior do que a Covid-19, de destruição total dos seres vivos, somando-se à incapacidade absoluta do ser humano de não reconhecer seus próprios erros.
Enfim, a esperança de dias melhores, de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária para todos apresenta-se de maneira imperativa, como exigência moral. Ou mudamos de vida agora ou sairemos dessa pandemia ainda pior do que já éramos!
Luís Lemos
Filósofo, professor universitário e palestrante. Autor dos livros: O primeiro olhar – A filosofia em contos amazônicos (2011), O homem religioso – A jornada do ser humano em busca de Deus (2016); Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas: Histórias do Universo Amazônico (2019). E-mail: [email protected]