Por volta das 22h45, uma lancha chegou para rebocar o Expresso Rio Negro em direção a Manaus, após mais de 17 horas de viagem marcada por falhas e transtornos

O que deveria ser uma viagem tranquila de retorno a Manaus após as festividades do 58º Festival Folclórico de Parintins se transformou em uma verdadeira jornada de sofrimento e indignação para cerca de 70 passageiros da lancha Expresso Rio Negro, que ficou à deriva por horas no Rio Amazonas neste domingo (29).

A embarcação partiu de Parintins por volta das 5h da manhã, com previsão de chegada à capital amazonense no período da tarde. No entanto, após uma breve parada em Itacoatiara por volta das 11h36, o motor da lancha parou repentinamente. O motivo? Falta de combustível. Sem qualquer assistência imediata ou explicações claras, os passageiros permaneceram abandonados à própria sorte por mais de sete horas.

Entre os passageiros estava o jornalista e fotógrafo Edvan Farias, que relatou o descaso enfrentado. “Todos estavam a bordo por motivos importantes: compromissos profissionais, conexões com voos e barcos, atendimentos médicos… mesmo assim, ficamos horas no meio do nada, sem qualquer apoio da tripulação”, relatou.

De acordo com Farias, a situação a bordo era de total abandono. “Toda vez que alguém buscava informações, era tratado com grosseria. Ninguém sabia de nada, e a sensação de desamparo só aumentava.” O clima se agravou quando uma passageira, acompanhada do marido com diabetes, precisou de cuidados — mas não recebeu qualquer tipo de atenção.

Sem alimentação ou água disponíveis, apenas após forte pressão dos passageiros foi improvisado um lanche simples com café e pão seco. O combustível só foi adquirido por volta de 19h, e a embarcação retomou a viagem, ainda sob desconfiança de todos.

Contudo, o alívio durou pouco. Por volta das 21h44, a lancha voltou a ficar à deriva, desta vez em razão da quebra do leme. A incerteza e o medo tomaram conta dos passageiros mais uma vez. Apenas cerca de uma hora depois, às 22h45, uma segunda embarcação chegou para realizar o reboque até Manaus.

“É inadmissível que vidas sejam colocadas em risco dessa forma, sem qualquer fiscalização ou responsabilidade. Esperamos que a Capitania dos Portos de Manaus e a Marinha do Brasil averiguem urgentemente esse caso. Nenhuma embarcação deveria sair para navegar sem o mínimo de preparo e segurança. Deixo aqui a minha indignação, em nome de todos os passageiros que viveram essa verdadeira prova de resistência e abandono. Que ninguém mais passe por essa situação”, desabafou Edvan Farias.

A situação acende um alerta sobre a segurança no transporte fluvial da região, especialmente em períodos de grande movimentação, como o retorno do Festival de Parintins. Passageiros agora aguardam respostas das autoridades competentes e medidas que evitem novos episódios como esse.

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