Em declarações que elevam a crise no Leste Europeu, o presidente russo, Vladimir Putin, radicalizou e garantiu que as tropas da Rússia devem continuar os combates. A Ucrânia vive o oitavo dia de guerra.

Nesta quinta-feira (3/3), em pronunciamento transmitido do Kremlin, sede do governo russo, Putin alertou: “Os objetivos da operação da Rússia na Ucrânia serão alcançados em qualquer caso”, afirmou a integrantes do governo.

Na prática, Putin quer a desmilitarização do país. Isso envolve a posse de armas nucleares e a adoção de um status neutro sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Putin ordenou que as tropas intensifiquem os bombardeios. Os ataques têm causado cada vez mais mortes e atingido grandes centro habitados.

Horas após a fala do líder russo, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, fez um pronunciamento transmitido ao vivo de Moscou. Ela criticou a aprovação de uma resolução na Organização das Nações Unidas (ONU) e como o Ocidente tem se comportado durante o conflito.

“O Exército ucraniano usa a comunidade pacífica como escudo”, acusou, sem apresentar detalhes. Para Zakharova, o mundo está praticando “xenofobia e intolerância” contra a Rússia.

A porta-voz repetiu o discurso de Putin e de outros integrantes do alto escalão do governo de que essa ação é uma defesa da segurança russa e que a intenção é “libertar os ucranianos do neonazismo”.

“O povo ucraniano foi transformado em instrumento do Ocidente. Denunciamos crimes cometidos por nacionalistas na Ucrânia”, salientou. “O que a mídia Ocidental faz é um crime verdadeiro”, concluiu.

Ameaça nuclear

Pelo segundo dia consecutivo, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, citou um possível uso de armas nucleares. Agora, ele defendeu que “políticos ocidentais também considerarem uma guerra nuclear”.

“Todo o mundo sabe que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas eu gostaria de chamar a atenção que está na cabeça dos políticos ocidentais a ideia de uma guerra nuclear, não na cabeça dos russos”, afirmou Lavrov em uma entrevista coletiva em Moscou.

Na quarta-feira (2/3), em entrevista à TV Al Jazeera, canal transmitido no Catar, o chefe da diplomacia russa comentou o que seria um conflito dessa proporção. “A terceira guerra mundial seria uma guerra nuclear devastadora”, disse o diplomata russo.

Putin reuniu-se, no domingo (27/2), com os ministros da Defesa, Serguei Choigu, e do Estado Maior, Dmitry Yuryevich Grigorenko, no Kremlin. No encontro, o mandatário ordenou que os ministros colocassem as forças nucleares em “regime especial de alerta”, conforme divulgado pela agência de notícias russa Tass.

Ataques e negociação

Os novos ataques do Exército ocorrem a poucas horas de nova rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia para eventual cessar-fogo e retirada das tropas russas. A conversa ocorrerá em Brest, em Belarus.

Na noite dessa quarta-feira, o Ministério da Defesa ucraniano informou a morte de seis pessoas, entre elas duas crianças. O ataque a Izium, na região de Kharkiv, teria começado às 23h59 (horário da Ucrânia).

Além de Kiev, capital ucraniana e coração do governo, Chemihiv, Ivankiv, Zhytomyr, Lviv, Chemowitz, Kherson, Odessa, Mykolaiv, Kamianske, Dnipro, Kharkiv, Mariupol, Belgorod, Boryspil e Chernobyl estão sob a mira dos russos.

Segundo os serviços de saúde ucraniano, só em Kharkiv pelo menos 34 civis morreram nas últimas 24 horas.

Os russos sitiaram Kiev, capital ucraniana e centro do governo nacional. O Exército diz ter dominado Kherson durante a madrugada dessa quarta-feira. Um único ataque matou 21 pessoas em Kharkiv. (Metrópoles)

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